Iniciativas envolvem disponibilização de equipamentos e atuação junto a distribuidores para instalação, manutenção dos equipamentos e capacitação de voluntários
Nos meses de abril e maio, o Brasil e o mundo acompanharam os acontecimentos resultados das fortes chuvas que atingiram o Estado do Rio Grande do Sul (RS). De acordo com estimativa do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada), cerca de 876 mil pessoas foram impactadas diretamente. As enchentes e deslizamentos atingiram aproximadamente 420 mil residências. Ao todo, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas segundo boletim do poder público, divulgado no site SOS Enchentes de 20 de agosto.
Sem condições de voltar para casa, parte da população teve que recorrer aos abrigos, que começaram a ganhar espaço em alguns dos 478 municípios atingidos pela tragédia (número apontado pelo SOS Enchentes). Além da organização da moradia provisória, toda a logística de doações de alimentos e vestimentas vindas de diferentes regiões do Brasil precisou ser organizada de forma emergencial e exigiu desafios de armazenamento, administração e distribuição.
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Em relação às roupas, houve uma mobilização à parte. Para fazer a recuperação de itens e evitar a perda ou descarte de peças, por conta de desgaste de tecidos ou falta de alternativas para higienização, o que impactaria também no meio ambiente, uma das soluções foi a criação das lavanderias comunitárias em abrigos. E dessa forma, ação como a da Lavanderia Solidária RS, por exemplo, criada por duas voluntárias com o objetivo de lavar, secar e passar vestimentas das pessoas sem moradia, inspirou outras similares e começou a transformar a realidade local, envolvendo voluntários, ONGs e representantes da iniciativa privada.
Em meio a esse cenário, a Alliance Laundry Systems Brasil (ALS Brasil), desde junho, tem atuado em parceria com o projeto, com a Central Única das Favelas (CUFA – RS) e também com distribuidores locais em iniciativas sociais de lavanderia. No apoio, a empresa disponibilizou 12 conjuntos de equipamentos (lavadoras e secadoras) para atender as vítimas das fortes chuvas. As máquinas foram direcionadas pela instituição para um projeto de carreata itinerante de lavanderia, realizado com a DELAV, uma das distribuidoras da ALS Brasil na região.
“Temos o dado que, durante período mais crítico, os abrigos temporários chegaram a receber 81,2 mil pessoas em estado de vulnerabilidade. O maior abrigo que recebeu suporte era previsto para 8 mil pessoas”, afirma Flávio Mello, gerente nacional da Alliance Laundry Systems Brasil. “Cada maquinário (conjunto) é capaz de lavar 10kg de roupa a cada 30 minutos. 1 conjunto em 3 turnos ininterruptos é capaz de prover entre 400 e 500 kg de roupa limpa por dia”, acrescenta o executivo.
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A CUFA também fez a aquisição de 40 máquinas de lava e seca para instalação nos abrigos, com o apoio da ALS Brasil e da DELAV, em processos de instalação, capacitação de operadores e instalação de sinalização nos equipamentos, além de serviço de manutenção. A garantia dos produtos, feita pela ALS, é de 3 anos e de prestação serviços/operacional, por meio da DELAV, de 1 ano.
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O início da ação
O envolvimento da ALS Brasil e da DELAV nos projetos sociais envolvendo pessoas impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul teve início com o apoio voluntário à Lavanderia Laveda, localizada no município de Estrela e um dos estabelecimentos comerciais atingidos pelas chuvas. Foram realizados consertos das máquinas Speed Queen para que a empresa voltasse a atuar.
“Foram fundamentais os apoios da ABRALAV (Associação Brasileira de Lavanderias), que através da Alliance, conseguiu com que a DELAV, de Caxias do Sul, fizesse a reforma das nossas máquinas principais da lavanderia. Sem esses equipamentos, seria muito difícil ou praticamente impossível voltar ao trabalho”, conta Alice Dannebrock, proprietária.
Há mais de 20 anos na Laveda, a gerente Nair Dalve, acrescenta: “as máquinas foram completamente destruídas pelas enchentes e estava muito difícil recomeçar. Foi importante a ajuda de todas as empresas. Juntos somos mais fortes”.
Sobre os projetos, Douglas Stevan da Silva, coordenador de pós-venda e serviços da DELAV, explica que “durante os períodos das chuvas e enchentes atuamos junto a lavanderias comerciais de rua que foram afetadas e que tiveram equipamentos da marca Alliance e DELAV danificados. Utilizando mão de obra técnica própria, veículos e peças de nosso estoque, oferecemos atendimento gratuito a clientes atingidos. Algumas máquinas foram consertadas dentro dos próprios estabelecimentos e outras retiradas e levadas até nossas instalações para conserto interno no nosso departamento técnico”.
Foi após a iniciativa com a Laveda que a Alliance fez contato com a CUFA para apoiar projetos em diferentes regiões. Contato feito e parceria firmada.
Localidades atendidas
Atualmente, as cidades que contam com os conjuntos de equipamentos da ALS Brasil adquiridos pela CUFA. A instituição foi responsável pelo mapeamento dos locais atingidos para instalação dos componentes.
Os municípios de Muçum (Rua Pinheiro Machado) e Arroio do Meio (Abrigo Municipal) também receberão equipamentos. As instalações estão em andamento.
Sobre a utilização utilizar o serviço, as pessoas devem fazer agendamento prévio para organização. Nos locais também são disponibilizados produtos, como sabão e amaciantes, gratuitos.
Já o projeto Lavanderia Solidária RS também apoiado pela ALS Brasil já conta com dois equipamentos da empresa doados, instalados.
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Os projetos sociais de lavanderia também contribuem para a manutenção da autoestima das pessoas e para a preservação das peças, evitando o descarte. “É importante reforçar que ao oferecer a possibilidade de limpeza das roupas, estamos levando às pessoas um serviço essencial para o bem-estar e saúde”, ressalta Mello.
O atual cenário
Seis meses após as fortes chuvas, os municípios estão em processo de reconstrução por meio de recursos, municipais, estadual e federal. O processo tem envolvido auxílios emergenciais aos munícipes e também às empresas. Aos poucos as atividades estão voltando. O Aeroporto Salgado Filho, por exemplo, voltou a operar parcialmente no final de outubro após 170 dias sem condições de decolagens e pousos.
No caso dos desabrigados, muitas pessoas ainda não conseguiram voltar para suas casas e estão vivendo em residências de familiares ou nos abrigos.